Há anos o repouso no leito era indicado para evitar complicações em pacientes críticos por
acreditar que o repouso conservaria recursos metabólicos resultando em aumento de custos
assistenciais e diminuindo a sobrevida na alta hospitalar, no entanto os estudos não mostraram efeitos benéficos, o repouso prolongado causa efeitos deletérios como úlceras por pressão, complicações cardíacas, neurológicas e hemodinâmicas que tem seu quadro agravado por uso de medicamentos e sedativos.
A mobilização precoce deve ser iniciada logo após a estabilização do quadro crítico e não apenas na liberação do uso da ventilação mecânica ou mesmo na alta da UTI, ela deve ser iniciada ainda na fase de sedação ou coma, mas para que a reabilitação ocorra de forma segura existem alguns critérios importantes de segurança cardiovasculares, neurológicos, respiratórios e fatores extrínsecos como acessos vasculares e ambiente para que não haja o agravamento do quadro.
Neste sentido a mobilização precoce deve ser realizada de forma viável e eficaz, promovendo
benefícios na função pulmonar, cardíaca e muscular diminuindo o esforço respiratório e ganho
de força muscular que pode ser feita através de exercícios passivos, ativo-assistidos, ativos,
resistência no leito e outras técnicas como sedestação beira leito, transferências, ortostatismo,
treino de marcha, deambulação com ou sem apoio ou exercícios de conscientização corporal e equilíbrio que muitos indivíduos perdem durante o processo de internação e estabilização.
Conclui-se que essa conduta terapêutica está diretamente ligada à melhora física e psicológica
do indivíduo e que o fisioterapeuta dentro da Unidade de Terapia Intensiva é uma base e não
apenas um complemento na qual suas condutas reduzem ou eliminam os efeitos provindos da
inatividade, não queremos apenas garantir sobrevida sobretudo oferecer maior qualidade de
vida, retorno do paciente em suas atividades de vida diária.
Queria chamar a atenção de vocês sobre a importância durante essa intervenção do
envolvimento da equipe multidisciplinar trazendo benefício ao nosso centro que é o paciente,
quem nunca teve em sua rotina de atendimento algum fator que trouxesse dificuldade como a
falta de entendimento clínico, sedação em altas doses, pacientes em procedimentos, acesso a
equipamentos e recursos para reduzir a carga e o estresse no trabalho, falta de equipe e
aumento de carga de horário de trabalho, gerando uma enorme dificuldade em criação de
protocolos assistenciais e institucionais.
Você imagina tirar um paciente em ventilação mecânica do leito com acesso central e
periférico, sonda vesical de demora e enteral, drenos e outros, demanda tempo do profissional
fisioterapeuta, liberação médica e controle de sedação e delirium, auxílio da enfermagem no
manuseio dos dispositivos para garantir a segurança do procedimento, da equipe e
principalmente do paciente.
Ou seja, sem a interação e comunicação eficaz da equipe, indisponibilidade de equipe da
fisioterapia e multi, excesso de sedação ou risco de autolesão musculoesquelética ou mesmo
estresse no trabalho tornam impossível e desafiadora a técnica de mobilização precoce.
Contudo a solução estará sempre voltada em um conjunto de ações que visam a prevenção
dos efeitos da imobilização através de elaboração protocolos assistenciais, disponibilidade e interação de equipe, participação na reunião multidisciplinar, treinamentos e apoio da educação continuada.