Crianças – Qual a dose certa da tecnologia para elas?

Em 2020 as famílias brasileiras passaram por inúmeras mudanças, dentre elas, a alteração da
rotina escolar das crianças: houve o adiantamento das férias escolares, as crianças fizeram a
maioria do ano letivo em casa, algumas escolas enviaram aulas gravadas, outras fizeram aulas
virtuais e infelizmente, algumas outras descontinuaram seus estudos.

Aos poucos, as aulas presenciais começaram a voltar e se antes da pandemia já se achava
demais a forma como as crianças usavam a tecnologia e os equipamentos digitais para seu
lazer e interação social, neste último ano, sem a possibilidade de interagir com o ambiente
externo e lidando com as responsabilidades escolares por meio destas ferramentas, isso só se
intensificou.

Muitos pais têm dificuldade em organizar o tempo de seus filhos em frente as telinhas e
sabemos o quão é importante diversificar os interesses e atividades da molecada para o bom
desenvolvimento cognitivo, emocional e social. A rotina de uma criança deve possuir
atividades diversas e com fins distintos.

Para contribuir com esse tema, destacamos as seguintes sugestões aos pais e educadores:

  • A forma como a criança interage com os recursos tecnológicos pode nos dar várias pistas de como está sua saúde e seu desenvolvimento.  Podemos observar que se uma criança estiver sempre com a tela perto demais dos olhos pode estar precisando de óculos, ou ainda prejudicando sua visão. O volume alto também pode mostrar se existe dificuldade de audição ou se está acostumando mal seus ouvidos. Se existe queixas de dores nas pernas ou nos braços, será que a má postura que ela se porta em frente a computadores, tablets, celulares, videogame pode estar agravando ou sendo a causa raiz destas queixas?
  • Você monitora o conteúdo que seu filho acompanha? As personalidades que ele admira? E os
    temas que ele aprofunda o conhecimento? Tudo isso reflete na vida da criança, de modo que
    ela cresce com o que aprendeu. É de extrema importância que os pais, educadores e
    responsáveis estejam atentos ao que é alimentado na parte intelectual dos pequenos.
  • Os pais dizem: “não fale com estranhos”, “não aceite presentes de desconhecidos” e “olhe a
    rua antes de atravessar”. Sabemos que essas são regras básicas de segurança na rua, mas
    também precisamos educar nossas crianças em relação a segurança do mundo virtual. Hoje já
    existem ferramentas e softwares que permitem que os responsáveis controlem o
    equipamento tecnológico de forma remota e analisem tudo que é visto, mas é importante que
    exista orientação sobre como não abrir sites ou arquivos desconhecidos, ser cuidadoso com as
    aproximações de novos amigos virtuais e não comentar de assuntos pessoais ou íntimos na
    internet, especialmente dados como contato, endereço, entre outros. Mesmo seguros na sala
    de casa, a criança pode estar globalmente conectada a qualquer conteúdo.
  • A atual geração de jovens assiste cada vez menos TV e mais canais dos assuntos que se
    identificam e por este motivo aconselhamos que tirar um tempo para assistir e acompanhar
    juntos é uma opção de cuidado e pode gerar bons assuntos.
  • Limite o uso do celular e a tecnologia em geral. Use esses espaços para criar laços de
    relacionamento, incentivando a troca de olhares, o toque físico e os demais sentidos humanos – que são menos utilizados durante as interações virtuais (que prioriza a visão e audição). Crie
    outros programas interessantes com os pequenos e descubra novas maneiras de diversão. Um detalhe: não restrinja a criança e dê o mal exemplo de ficar respondendo mensagens ou conectado aos assuntos nas redes. Limite-se junto!
  • – Se a criança ainda assim possui aulas no formato virtual, supervisione as aulas e veja se ela realmente está presente no momento e na explicação dos educadores. Absorver o conteúdo sem distração é imprescindível para o crescimento.
  • Participe da rotina escolar e crie funções em casa onde eles aprendam e desenvolvam outras
    habilidades. Seguem alguns exemplos: ajudar nas tarefas da casa, arrumar o quarto e os
    brinquedos, ajudar com os cuidados do pet, caminhar junto com os adultos e outras atividades
    que a criança possa se sentir responsável. É importante também que nas tarefas de lição de
    casa, ela sinta sua ajuda e essa troca física, nem que seja para você estar ao lado apenas
    orientando.

    Por fim, a tecnologia será uma experiência positiva ou negativa a depender de como nos
    relacionamos com ela. Cabe a nós usufruir com sabedoria desse recurso (como qualquer
    outro) e dar exemplo para as crianças e jovens a fazerem o mesmo. 

    Diante das atuais demandas, é bastante difícil impedir que a criança entre em contato com a
    tecnologia desde bem pequena, portanto, pais e familiares devem manter atenção constante e
    ensinar os pequenos o valor que a tecnologia tem como uma ferramenta que facilita, aproxima
    e nos conecta, mas que o contato físico, a experiência do olhar, tocar, viver com interação é
    bem melhor!
Por Rita Calegari

Coordenadora do time de Psicologia e People Care People da ICare.

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