Você constrói “muros” ou “pontes” na sua carreira?

No último artigo publicado pela ICare, o Sergio Viebig fez a seguinte afirmação: “nossos
caminhos profissionais podem passar por empresas ou setores distintos, mas o que não se
pode perder é a imagem e o legado que deixamos por onde passamos”.

Esse trechinho me fez pensar sobre as minhas relações nesses últimos 30 anos de profissão e
convido você a fazer uma reflexão de qual tipo de legado construímos enquanto trabalhamos.

Ponto nº 1: Tão importante como começar uma carreira, é mantê-la. Depois que a fase de
recém-chegado numa instituição passa, vamos nos aculturando ao local. Infelizmente
observamos profissionais cujo encantamento pela profissão e a vontade de fazer a diferença
perdem força e muitos entram naquela fase de acomodação. Particularmente acho bem triste
quando isso acontece, é a chama de propósito pessoal enfraquecendo, dia após dia. Sabe
quando se trabalha para pagar boletos? É isso.

Muitas questões estão envolvidas nesse declínio motivacional: as dificuldades dos recém-
formados se inserir no mercado ou a dos mais experientes se ajustar as incontáveis mudanças
de cenário, a falta de políticas de desenvolvimento de pessoas e de retenção de talentos nas
empresas, a competitividade salarial, a crise econômica, a frustração pelo investimento nos
estudos sem retorno financeiro imediato, entre outras. O desencantamento profissional pode
ser um caminho perigoso, pois desencadeia sofrimento e prejuízos incontáveis.

Ponto nº2: Tão importante quanto manter uma carreira, é encerrá-la, é sair de cena de forma
positiva, deixando colegas que veem em você uma referência naquilo que você faz.

Erro de principiante é pensar que as pessoas com as quais trabalhamos não vão se lembrar de
como foi a experiência de trabalhar com a gente.  Se você não soma na sua equipe, se seus
colegas não contam com você ou se sua jornada profissional é baseada em “cada um por si”, posso supor que você tende a construir muros por onde passa.

Muros existem para proteção de invasores. Muros separam e tratam do nosso eterno medo do
outro, do vizinho, do que vem de fora. Muros isolam pessoas.

Muros numa carreira vão te impedir de fazer networking e de se desenvolver pois tratam os
demais colegas como concorrentes ou como rivais no conhecimento que você acha que possui.
Muros mostram que não há confiança com o que (ou quem) está ao lado.

Ponto nº3: Os recrutadores confirmam que inteligência emocional, trabalho em equipe e
comunicação assertiva são as características “de ouro” nos candidatos. Se você observar bem,
todas são competências que envolvem a relação interpessoal. Sim, como você se relaciona
pode ser mais determinante na sua carreira do que sua experiência ou seu curriculum. E sabe
por quê? Porque o mercado exige pessoas que construam pontes!

Pontes são diferentes dos muros pois elas conectam pessoas! Pode-se medir a evolução da
sociedade pelas pontes que ela constrói para superar obstáculos naturais, facilitar que os
recursos cheguem, encurtar distâncias e unir comunidades.

Profissionais que constroem pontes não são aqueles que trocam favores ou omitem falhas no
processo para não comprometer o colega. Nem se trata de ser “amigo” de todo mundo, longe
disso!

Construir pontes exige uma “engenharia” complexa em que a segurança, a estética e o propósito sejam bem definidos, e mais, exige que ambos os lados estejam de acordo em serem tocados pela jornada compartilhada.

Ponto final: Seja seu primeiro ou último dia em alguma empresa, comprometa-se com sua
carreira e cultive valores sólidos ao lado de boa capacitação técnica.

Você não é seu cargo.

Por Rita Calegari

Coordenadora do time de Psicologia e People Care People da ICare.

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